"O outro não é uma ameaça, é uma possibilidade." Eduardo Galeano

terça-feira, 3 de maio de 2011

Identidade e Alteridade

Tela de Fátima Miranda inspirada na obra do fotógrafo Sebastião Salgado.
Vamos falar aqui de dois conceitos fundamentais dentro do nosso projeto: identidade e alteridade.
Identidade pode parecer á primeira vista um conceito fácil, mas não é tão simples assim. O que tomamos por identidade é o conjunto de referências sobre determinada pessoa ou grupo social. Identidade é o que define. Porém, a identidade só definida em relação á algo, sendo assim o Eu não pode existir sem o Outro, ambos se definem enquanto se utilizam como reflexo.
Agora entra na conversa mais dois conceitos: o Eu e o Outro. São dois conceitos retirados em grande parte da psicologia, mas que são mais do que bem vindos nas Ciências Humanas. O Eu representa um ponto de vista, uma identidade, enquanto o Outro representa o avesso desse ponto de vista, algo diferenciado.
Diante do Outro podemos tomar duas medidas: a recusa ou a fascinação. Geralmente, quando recusamos o Outro é porque tomamos nossa identidade e nossa cultura como superior á ele (é o que chamamos de Etnocentrismo). E de etnocentrismo a História está cheia de exemplos - a conquista da América, por exemplo.  A fascinação também é poderosa e pode fazer com que alguém recuse a sua identidade e adote outra, a qual se simpatizou. Casos assim não são raros, mas são poucos documentados. Um bom exemplo pode ser o de René Guenon, escritor francês que decidiu se converter ao islamismo e dedicou sua vida á defender as religiões orientais.

Logomarca criada pelo artista polonês Piotr Mlodozeniec.
A partir da segunda metade do século XX, a antropologia toma como bandeira um conceito criado inicialmente pela psicanálise: alteridade. Alteridade é a tentativa de se colocar no lugar do Outro, de compreender seu ponto de vista e de respeitá-lo. Esse conceito passou a guiar as ações dos antropólogos na tentativa de fazer um estudo menos etnocêntrico dos mais variados povos. Hoje, a alteridade é defendida, dentro das Ciências Humanas como um todo e até mesmo fora delas, como um código de conduta para a Humanidade. Os inúmeros conflitos étnicos que marcaram o século XX (o Holocausto, as guerras nos Balcãs, os massacres na África, etc) influenciaram muitos pensadores á apostarem no respeito ás diversas culturas como meio de se chegar á uma sociedade mais humana e pacífica.
Nosso projeto trabalha em cima da construção da(s) identidade(s) na Amazônia e tenta ser guiado pela alteridade, pela compreensão e reconhecimento dessa diversidade.

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