"O outro não é uma ameaça, é uma possibilidade." Eduardo Galeano

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Ideologias da Escravidão II

Vinicius Alves do Amaral

Hoje falaremos sobre as considerações do historiador Luís Felipe de Alencastro sobre a escravidão africana. Pegamos um enxerto de seu maravilhoso livro O Trato dos Viventes. No trecho em questão, o autor fala de como foi construído um discurso sobre a escravidão africana enquanto se entrava em contato com as nações africanas. Discurso esse mediado, em boa parte, pelos jesuítas.

Luis Felipe de Alencastro
 Falemos primeiro do nosso autor: Alencastro é formado em História e Ciências Políticas, sendo que tanto uma quanto a outra foram cursadas na França. Atualmente, dá aulas na Universidade de Paris-Sourbonne e possui colunas em muitos jornais brasileiros. O estilo de Luís Felipe é claro e fluído, por isso seu livro, apesar de assustar os leitores convencionais pelo tamanho, tem sido muito bem recebido entre historiadores e leigos.
A tese central de seu livro é de que o Brasil se formou fora do Brasil, em outras palavras, as experiências da colonização portuguesa na África Ocidental se tornaram práticas depois incorporadas na colônia do Brasil. Lá está a monocultura, a mineração, o comércio, a doação de terras, a formação dos latifúndios e, é claro, a escravidão sustentando toda essa economia. Alencastro enxerga muito mais que o Brasil, ele enxerga o Brasil interagindo com Portugal e a África. A maior prova desse intercâmbio está no trâfico negreiro.
Na parte em que nos deteremos, ele irá nos mostrar como todo o aparato escravocrata foi construído e legitimado.
O encontro dos portugueses com as sociedades africanas começou pela costa do continente, na tentativa de se chegar ás Índias, por meio da fundação de pequenos postos onde se trocavam mercadorias com produtos locais, dentre eles os prisioneiros de guerra escravizados pelas tribos inimigas. Antes do Brasil ser "descoberto" e das verdadeira Índias serem alcançadas, os portugueses já utilizavam a mão-de-obra escrava africana em algumas de suas colônias, como nas ilhas Canárias e da Madeira, por exemplo.
O tráfico de escravos já era uma rede comercial antiga no continente africano, como Alberto da Costa e Silva nos demonstra em seus livros, sustentada pelas guerras tribais e pelos impérios locais, mas o mercantilismo português o explorou ao máximo.

Diogo Cão chega ao Congo.
Cada região teve sua peculiaridade dentro dessa transformação colonialista e escravocrata, claro, e Alencastro privilegia em seu capítulo o território da atual Angola. Essa região fora conquistada com guerras sangrentas entre os soldados do Reino de Ndongo contra os colonizadores, através das tropas de Diogo Cão. Em pouco tempo, os jesuítas haviam se instalado na área dominada, enquanto os colonos avançavam para o interior. Formou-se então pequenos aldeamentos onde esses mesmos homens evangelizavam os nativos e os utilizavam como mão de obra. Ficaram conhecidos como sobados esses povoados e como amos os seus senhores.
O autor demonstra como estes membros da Companhia de Jesus defendiam ardorosamente as guerras feitas no interior e o próprio regime escravocrata que criaram em seus sobados. Um forneceria mais escravos e sendo escravizados essas "criaturas" poderiam ser melhor doutrinados. O argumento era de que estes povos não conseguiram ser evangelizados pelo bem, mas pela guerra, uma vez que demonstraram resistência inicial á fé católica. Esse é um discurso construído para proteger os amos, cuja maioria era composta por jesuítas.

Se padre Antônio Vieira pode ser visto como um dos maiores representantes da ideologia da escravidão no Brasil, então o jesuíta Baltazar Barreira detém o mesmo posto quando falamos de Luanda, atual Angola. O discurso do qual falamos acima pode ser atribuído em grande parte á esse mestre jesuíta que passou boa parte de sua vida entre os negros de Luanda, catequisando-os e explorando-os. Barreira não só creditava á escravidão motivos religiosos, mas também comerciais: escravos são mais baratos que trabalhadores assalariados, ainda mais em terras tão extensas.
Como podemos ver, a escravidão começa sim fora do Brasil e seu discurso legitimador também. Tanto a instituição como a ideologia migram para o Brasil e se fortalecem com o fortalecimento da economia açucareira e a queda da escravidão indígena (em alguns locais). A escravidão se tornara parte do projeto colonizador e conquistaria o seu lugar na mentalidade do povo brasileiro.


Referências:
ALENCASTRO, Luís Felipe de. O Trato dos Viventes: Formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

sábado, 16 de abril de 2011

Ideologias da Escravidão

Vinicius Alves do Amaral

No final da década de 1980, o historiador Ciro Flamarion Cardoso organizou um pequeno livro (A Escravidão e a Abolição no Brasil: Novas Perspectivas) sobre a escravidão negra no Brasil. Pequeno no número de folhas, mas rico em reflexões, principalmente historiográficas. Nós trataremos aqui de um de seus artigos: Escravidão, Ideologias e Sociedade de Ronaldo Vainfas.

Ronaldo Vainfas
Ronaldo Vainfas é um dos historiadores mais renomados quando se trata do Brasil Colonial. Seus estudos vão geralmente na linha da História das Mentalidades como Trópico dos Pecados e a Heresia dos Índios. Vainfas defende que compreender o mundo colonial passa pela religião, seja a praticada nas Igrejas ou as praticadas nas ruas e aldeias.
Flamarion Cardoso o criticou, no final da década de 1970, por excluir de suas análises históricas o peso da economia e da política, assim como ele atacava Ciro por estar muito ligado a um marxismo esquemático. Com o tempo, porém, ambos descartaram suas posições radicais e se tornaram grandes interlocutores, reconhecendo que em seus ataques iniciais nem tudo era verdade. Na introdução desse livro, Vainfas é elogiado pelo colega justamente por não considerar as mentalidades como uma espécie de estrutura mental toda-poderosa guiando os homens, como se só ela bastasse para entender a história, mas justamente por utilizá-la como espécie de complemento da vida econômica, política e social (na realidade, ele se apóia em uma interpretação da economia colonial e imperial construída por João Fragoso da qual falaremos em outra ocasião).

Cartaz norte-americano sobre fuga de escravos.
No artigo em questão, Vainfas inicia comparando os argumentos dos pensadores no Sul dos Estados Unidos com o dos brasileiros. Para ambos, a defesa da escravidão ia muito mais além da defesa da propriedade: era uma questão de sobrevivência de toda uma civilização! Acreditavam que a partir do momento em que os escravos fossem livres, toda hierarquia seria quebrada e seus costumes bárbaros influenciariam os brancos.
O maior exemplo dessa proximidade entre Brasil e EUA quando se trata de pensar a escravidão está no pensamento de dois patriarcas da independência destes dois países: Thomas Jefferson evitava tocar no tema, enquanto José Bonifácio defendia uma abolição lenta e gradual para evitar essa "anarquia". Ambos reconheciam essa instituição como um mal necessário tamanha a sua importância. Há outra semelhança entre eles: são liberais. Mesmo sendo liberais, ambos estão a meio caminho, como fala Vainfas, do abolicionismo e da legitimação escravista. Essa posição, nos mostrará o autor, será a semente do fim da escravidão.

Thomas Jefferson
José Bonifácio Silva Andrada
Como era a pensada a escravidão antes dos liberais? Ora, os maiores defensores da instituição no mundo colonial eram os membros da Companhia de Jesus. Criticam a escravidão indígena por barrar seu projeto missionário, mas toleram a escravidão africana. O que está em jogo não é a instituição, pois, para eles, ela era natural: há os que nascem para servir. Esse argumento, retirado de Aristóteles, podia ter como companheiro o argumento, mais ligado á tradição cristã, de que o homem negro é o descendente de Cam, aquele cuja prole foi marcada (acreditavam os teólogos que com a cor negra) e condenada a pagar pelo seu pecado.
O maior representante desses apologistas da escravidão africana era um dos maiores nomes da literatura portuguesa, padre Antônio Vieira. Seus sermões não só encorajaram os colonos e portugueses a lutarem contra os holandeses durante a Insurreição Pernambucana, mas também tentaram convencer os próprios escravos de que sua condição era justa. A escravidão era mera ilusão diante da fé, dizia ele, o que vale é a recompensa depois da morte: uma vida no Paraíso. Padre Vieira, criativo em fabricar metáforas, até compara o engenho ao cativeiro da Babilônia onde os judeus sofreram, mas, no final das contas, ganharam a liberdade. O engenho era o Inferno que tinham de passar antes de desfrutarem do Céu.

Padre Antônio Vieira
Outro grande defensor da escravidão no mundo colonial também era jesuíta: Jorge Benci. Esse padre italiano, tornou-se conhecido com seu livro Economia Cristã dos Senhores no Governo dos Escravos (1700), um verdadeiro manual de como se deveria tratar os escravos. Repete a velha fórmula de escravidão como castigo pelo pecado de Cam, mas enumera, diferente de Vieira, métodos para controlar o escravo: moderar nos castigos, instruí-los na religião católica, tentar ser um exemplo para seus escravos.

Tanto o grande orador português como o jovem e obscuro padre italiano concordam, em muitos momentos, que os senhores estão longe de serem os donos da razão. Na maior parte das vezes são violentos e imorais, não ajudando, assim, na sua missão de civilizar os escravos. Essas críticas não significam uma oposição, mas apenas uma desavença menor. Ora, os jesuítas faziam parte da empresa colonial (como vimos antes, através do Padroado). Além disso, eles estavam empenhados na Contra-Reforma, no movimento de maior rigidez religiosa da Igreja Católica provocada pela Reforma Protestante, por isso a religiosidade negra, a miscigenação e o comportamento dos senhores era importante para ser constantemente vigiado.
Se senhores e jesuítas estavam no mesmo barco, isso não significa que eles pensavam da mesma forma: enquanto os jesuítas queriam uma escravidão patriarcal e cristã, os senhores continuavam com práticas como exagerar nas punições, deixar o domingos e feriados santos para que o escravo trabalhasse para ganhar um dinheiro a mais e manter padres longe deles, por exemplo. Os senhores não queriam o projeto de escravidão dos jesuítas, achavam que era mais uma intromissão sem motivo.

José Joaquim da Cunha Azeredo Coutinho
Eles deixam de serem incomodados quando a ordem é expulsa da colônia em 1760. O período Pombalino é conhecido por ser o começo da entrada dos ideais iluministas em Portugal e Brasil, mas tabém podemos ver "iluministas" defendendo a escravidão, como é o caso de José Joaquim da Cunha Azeredo Coutinho (que, aliás, também era Bispo de Olinda). Voltamos, então, para a posição meio indecisa de Bonifácio e Jefferson. Essa posição é indecisa, pois os ideais liberais provocam um dilema: qual o direito mais importante, o da propriedade (do qual desfruta o senhor sobre seu escravo) ou o da liberdade (o qual deveria ser desfrutado pelo escravo)? Esse dilema, com o tempo, apenas se fortalece. No campo das políticas, a escravidão é prolongada, mas no campo das idéias, segundo Vainfas, ela está completamente arruinada na metade do século XIX. É tempo de abolicionismo em toda América, estão chegando os imigrantes e o liberalismo se consolida cada vez mais. A escravidão se esgota primeiro nas idéias e depois na realidade.

Na minha visão, esse é um texto que nos fornece uma interpretação muito geral sobre o assunto. Isso bom por um lado, torna compreensivo as mudanças históricas, por outro é ruim uma vez que não se aprofunda muito no assunto. O que provoca isso não é o pouco domínio do autor sobre o tema (muito pelo contrário, Vainfas domina como poucos a História do Brasil Colonial), mas o curto espaço que seu texto dispunha.
Assim, Vainfas tenta nos apresentar essa mentalidade escravista através de dois grandes nomes do mundo colonial: Vieira e Benci. Ainda tenta demonstrar a diversidade de formas que essa mentalidade assumia - a defendida por estes homens, por exemplo, era parte de uma visão religiosa. A diversidade era tanta que surgia desavenças entre senhores e inacianos. Essa mentalidade se adapta aos novos tempos inaugurados pelo liberalismo, mas não se adapta muito bem já que ele possui um "gene" quase que totalmente contrário á essa instituição. O que a suportou por tanto tempo seria uma leitura meio manca dessa ideologia nova (um liberalismo escravista) ou a simples omissão da escravidão dentro dos seus pensadores. Mas, a economia e a sociedade mudou tanto que ficou impossível  protegê-la por mais tempo.
O que se pode inferir é que, em se tratando da escravidão negra, a Igreja Católica, através dos jesuítas, foi a sua maior base, ela que fornecia os pretextos para legitimar essa instituição recriada pelo mercantilismo. Com o liberalismo temos um outro momento, onde a escravidão não tem vez, mas, por conta dos fortes vínculos do Brasil com essa instituição, foi protegida o máximo que pode. A consolidação do capitalismo, é o que se desprende do texto, mudou a mentalidade. Agora parece surgir a ideologia do trabalhador assalariado, algo que justifique sua existência como justificou a do escravo.

Referências:
VAINFAS, Ronaldo. Escravidão, Ideologias e Sociedade. In: CARDOSO, Ciro Flamarion (Org.). Escravidão e Abolição no Brasil: Novas Perspectivas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1988.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Entre a cruz e a espada

"Apesar dessas vozes discordantes, em geral o parecer dos historiadores é severo quando se trata de analisar a atuação da Igreja nos países coloniais. Ao meu ver, no que diz respeito ao Brasil, a crítica á atuação dos missionários não pode ser feita de maneira genérica. Cada ordem religiosa teve uma história específica na América Portuguesa. E dentro de cada ordem, houve de tudo, nos vários momentos históricos, d ehomens venais até santos como parecem ter sido os veneráveis Anchieta e Malagrida".
(LEONARDI, Victor. Entre Árvores e Esquecimento: História Social no Sertão do Brasil. Brasília: Editora Paralelo 15, 1996. p. 230.)

Leonardi está falando sobre uma tendência em nossa historiografia em reconhecer nos missionários e na sua atuação um fato igualável ao dos bandeirantes - a destruição da cultura indígena. Colocando os religiosos assim em pé de igualdade com esses homens, estariam os historiadores esquecendo de reconhecer a especificidade desses dois personagens.

O bandeirante Domingos Jorge Velho e seu filho, Henrique Bernadelli.

O bandeirante ou quem participasse das tropas de resgate eram homens interessados em enriquecer somente. Geralmente militares ou então simples colonos armados, esses homens partiam para o sertão destruindo aldeias e escravizando seus moradores, para serem comprados nas vilas coloniais mais importantes da região. Os bandeirantes são os personagens mais conhecidos, sendo, por um tempo, motivo de orgulho cívico do Estado de São Paulo (por desbravarem os sertões). Hoje sabemos que os bandeirantes, na maioria das vezes, eram muito pobres e contavam na sua tropa com índios, inclusive, que ajudavam a rastrear outras tribos.
José de Anchieta celebra a primeira missa de São Paulo de Piratininga, Henrique Bernadelli.
Os mesmos bandeirantes vindos da vila de São Paulo de Piratininga (fundada aliás pelos jesuítas) encontravam nos membros da Companhia de Jesus os seus maiores inimigos. Os padres defendiam a catequese do nativo, a sua incorporação pacífica ao mundo colonial e cristão e não sua escravização. A luta dos jesuítas contra os bandeirantes gerou inclusive sua expulsão da vila.
Aliás, nem todos os jesuítas e membros de ordens religiosas que atuaram no Brasil concordavam na luta contra a escravização. Há casos, por exemplo, no Maranhão, onde grandes senhores de escravos indígenas eram justamente jesuítas.
O historiador Stuart Schwartz nos diz que o projeto dos jesuítas, principalmente no Norte e Nordeste, era evangelizar, "civilizar" os povos locais e assim transformá-los em trabalhadores assalariados, em camponeses que podiam vender sua força de trabalho aos senhores de engenho ou qualquer outro tipo de latifundiário, mas preservando sua liberdade. Onde os jesuítas atuaram, conseguiram atingir esse objetivo? Schwarz diz que pelo menos na Bahia não, os índios"catequizados" muitas vezes eram escravizados pelos colonos. Luís Felipe de Alencastro acrescenta mais dois objetivos: impedir a fuga de escravos africanos das fazendas e dos engenhos e fazer com que esses "índios mansos" os protegessem dos "índios bravos".
Aldeia de Tapuios, Rugendas, séc. XVIII.

Mas e na Amazônia? O que aconteceu? A conquista da Amazônia, segundo Eduardo Hoornaet, foi feita por três personagens: o soldado, o comerciante e o padre. Essa afirmativa demonstra como as ordens religiosas tiveram um poder muito grande na colonização do "sertão amazônico". Num primeiro momento, a conquista se deu por vias militares, mas mesmo nestas expedições (como a de Francisco Caldeira Castelo Branco e Pedro Teixeira) pode-se perceber na fala de seus comandantes o desejo de catequisar o povo local, como nos aponta o historiador Auxiliomar Ugarte. Num segundo momento, as ordens religiosas penetram no solo amazônico, inicialmente pelo lado espanhol, e se envolvem nas disputas territoriais entre Portugal e Espanha. A proposta era a mesma dos jesuítas analisados por Schwartz: salvar almas e ensinar o índio a ser um lavrador livre.

Índios escravizados, Rugendas, séc. XVIII.
Na prática, contudo, os índios se tornaram escravos. A colônia do Grão-Pará e Maranhão não conseguia obter os escravos africanos, estes eram mandados em peso para a colônia do Brasil. A saída era a mão-de-obra indígena, pelo menos até a chegada dos imigrantes nordestinos na região nos anos finais do Império.
Haviam duas maneiras de se obterem trabalhadores indígenas: através da guerra justa (a guerra feita em nome da defesa dos povoados locais contra índios "belicosos"), das tropas de resgate (sobre o pretexto de resgatar nações amigas aprisionadas pelos índios "mais selvagens", elas invadiam várias aldeias) e nos descimentos. Os descimentos se concentravam na calha central da bacia Amazônica. Num primeiro momento eram dedicados aos habitantes dessa região, mas estes foram sumindo - ou por conta de fugas ou pelas mortes por doenças contagiosas. Depois, os missionários passaram a buscar os povos mais distantes e a convencê-los a descerem para estes aldeamentos.
Neste aldeamento, estavam outras nações reunidas sob as ocas, trabalhando em roças e aprendendo a religião católica e o português nas capelas construídas lá. Interessante, como nos conta Almir Diniz Carvalho Júnior, é o fato de cada nação contar com seu líder, o Principal, legalmente um súdito do rei. Outro ponto interessante é que nem sempre as nações se davam bem: há casos de lutas sangrentas e até de dominação de uma sobre a outra dentro dos descimentos.

Fundação de Belém do Pará, Theodoro Braga, 1908.
Estes descimentos forneciam mão-de-obra "amansada", diferente dos índios inimigos capturados pelas tropas de resgate no interior da floresta, por isso eram tão almejados. No entanto, o índio do aldeamento deveria trabalhar na cidade por um certo período de tempo, depois voltaria para sua aldeia. Existiam grupos de trabalhadores que se alternavam a cada mês, sendo assim os demais trabalhadores poderiam descansar por um mês antes de voltar ao trabalho. Há reclamações dos missionários de que os colonos tentem escravizá-los nas cidade, assim como há reclamações dos colonos de que os missionários monopolizassem a única força de trabalho na região.

Mas, estávamos falando de aculturação. Esse tipo de moradia, o aldeamento, unia diferentes nações sob o mesmo teto como vimos, criando assim uma espécie de miscigenação indígena. Antônio Porro chama esse índio aldeado, fusão de várias nações indígenas, de extrato neo-indígena. Além disso, o objetivo do missionário era evangelizar, catequisar o "gentio", impor sua religião á ele. Claro que nem todos admitiram isso, muitos se revoltaram, fugiram ou mesmo acabaram incorporando elementos de sua cultura á essa cultura estrangeira.
Padre Gabriel Malagrida.
Mas, como fala Victor Leonardi, não devemos acreditar que essa espécie de dominação simbólica seja igual ao genocídio praticado pelos bandeirantes e demais apressadores de índios. Sim, existiram missionários que desonraram seu ofício, mas também existiriam, como ele lembra, homens que lutaram para protegê-los como o jesuíta italiano Gabriel Malagrida, que por sua atuação á favor dos índios e suas críticas á Pombal foi morto pela Inquisição.
Sim, os missionários tinham parte do projeto colonial, eles eram parte dele (Tanto Portugal quanto Espanha partilhavam o sistema do Padroado, no qual a Igreja Católica obedecia aos interesses do rei). Eles estavam marcados também pelo seu tempo. No seu tempo ainda existia aquele preconceito sobre as demais culturas não-européias e aquele cristianismo militante, filho das Cruzadas que ajudou a fundar Portugal e Espanha através da Reconquista. Sim, eles tiveram culpa nesse processo de desestruturação da sociedade e da cultura indígena, mas não chegaram perto da crueldade e violência praticada pelos mais gananciosos colonos que faziam aprte das bandeiras e tropas de resgate.

Referências:
ALENCASTRO, Luís Felipe. O Trato dos Viventes: Formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
CARVALHO JÚNIOR, Almir Diniz. Líderes Indígenas Cristãos no Mundo Cristão Colonial. Canoa do Tempo: Revista de Pós-Graduação da UFAM. N. 1, vol. 1. jan/dez. Manaus: EDUA, 2007.
LEONARDI, Victor. Entre Árvores e Esquecimento: História Social no Sertão do Brasil. Brasília: Editora Paralelo 15, 1996.
SCHWARTZ, Stuart. Segredos Internos: Engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
UGARTE, Auxiliomar Silva. Alvores da Conquista Espiritual do Alto Amazonas (Séculos XVI-XVIII). In: SAMPAIO, Patrícia Melo; ERTHAL, Regina Carvalho (Org.) Rastros da Memória: Histórias e Trajetórias das Populações Indígenas na Amazônia. Manaus: EDUA, 2006.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Povos Indígenas do Amazonas hoje

Um membro da nação Mati.
-Apiciká (Língua Tupi-Guarani)
-Apurinã (Língua Aruak-Maipare)
-Arapaso (Língua Tukano)
-Bará (Língua Tukano)
-Baré ou Hamera (Língua Aruak)
-Barasana (Língua Tukano)
-Banawá (Língua Arawá)
-Baniwa (Língua Aruak)
-Coripaco (Lingua Aruak)
-Deni (Língua Arawá)
-Desana (Língua Tukano)
-Hixkaryana (Língua Karib)
-Jamamadi (Língua Arawá)
-Jarawara (Língua Arawá)
-Jiahui (Língua Tupi-Guarani)
-Juma (Língua Tupi-Guarani)
-Kaixana
-Kanamari (Língua Katukina)
-Karapanã (Língua Tukano)
-Katuena (Língua Karib)
-Katukina do Rio Biá (Língua Katukina)
-Kaxarari (Língua Pano)
-Kaxuyana (Língua Karib)
-Kokama (Língua Tupi)
-Korubo (Língua Pano)
-Kotiria (Língua Tukano)
-Kubeo (Língua Tukano)
-Kulina (Língua Arawá)
-Kulina Pano (Língua Pano)
-Maku (Língua Maku)
-Makuna (Língua Tukano)
-Marubo (Língua Pano)
-Matis (Língua Pano)
-Matrés (Língua Pano)
-Miranha (Língua Bora)
-Mirity-Tapuia (Língua Tukano)
-Munduruku (Língua Munduruku)
-Mura (Língua Mura)
-Parintintin (Língua Tupi)
-Paumari (Língua Arawá)
-Pirahã (Língua Mura)
-Pira-Tapuya (Língua Tukano)
-Satere-Mawé (Língua Mawé)
-Siriano (Língua Tukano)
-Tariana (Língua Aruak)
-Tenharim (Língua Tupi)
-Ticuna (Língua Tikuna)
-Torá (Língua Tyapakura)
-Tsohom-dyapa (Língua Katukina)
-Tukano (Língua Tukano)
-Tuywka (Língua Tukano)
-Waimiri/Atroari (Língua Karib)
-Waiwai (Língua Karib)
-Warekena (Língua Aruak)
-Witoto (Língua Witoto)
-Yaminawá (Língua Pano)
-Yanomami (Língua Yanomami)
-Ye'kuana (Língua Karib)
-Zuruahã (Língua Arawá)

Fonte: Censo da Funasa, 2010.

domingo, 10 de abril de 2011

A Margem da Margem

"Essa capacidade de projetar e de construir uma interferencia na natureza é uma maravilhosa novidade que o Ocidente trouxe para cá; mas ela desloca a natureza e quem vive em harmonia com ela para um outro lugar que é fora do Brasil, que é na periferia do Brasil. Uma outra margem é uma outra margem do Ocidente mesmo, é uma outra margem onde cabe a idéia de ocidente, cabe a idéia de progresso, cabe a idéia de desenvolvimento".

Ailton Krenak, liderança indígena da etnia Krenak.
Em A Outra Margem do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. p. 23.

Somos todos índios

SOMOS TODOS ÍNDIOS
Evandro Mesquita e Vinicius Cantuária


Há muito tempo que falo
Da natureza e de amor
Das coisas mais simples
Dos homens, de Deus
Canto sempre a esperança
Acredito no azul que envolve o planeta toda manhã

Depende de mim, depende de nós
Escuto um silêncio, ouço uma voz
Que vem de dentro
E enche de luz
Toda nossa tribo... Somos todos índios

Tenho pensado na vida
E no prazer de viver
Nas coisas bonitas
Entre eu e você
Meu canto sempre é de luta
Por um mundo de paz
Cuidar das florestas e dos animais.

sábado, 9 de abril de 2011

Banzo II

O que se entende por banzo? Banzo era como os negros no Brasil chamavam a saudade mortal pela sua terra de origem. Mortal? Isso mesmo. Muitos morriam de inanição por se recusar a comer, tamanha era a saudade ou o sofrimento sofrido com a viagem nos terríveis navios negreiros. Outros se suicidavam.
Casos assim não era incomuns, aconteciam muito, aliás. Talvez isso tenha contribuído para criar a idéia de que o banzo fosse uma doença. Muitos tentaram entendê-lo: associavam a dieta, uso de drogas, maus-tratos. A partir da segunda metade do século XIX, com o desenvolvimento das ciências, o banzo passou a ser entendido como uma doença mental. Hoje pouco se fala sobre o banzo, mas o consenso é de que o banzo é uma situação complexa - podia ser fruto de esquizofrenia, depressão, maus-tratos, apatia provocada por certas doenças como o "amarelão", por exemplo.
O banzo, como suicídio, também pode ser entedido como uma forma de protesto (não intencional) á vida desumana da escravidão.

Mais informações: Banzo: a Melancolia Negra, Renato Pinto Venâncio, e A Saudade que Mata, Carlos Haag.

Banzo

BANZO
Menotti del Picchia
(1892-1983)


E porque deixou na areia do Congo
a aldeia de palmas;
e porque seus ídolos negros
não fazem mais feitiços;
e porque o homem branco o enganou com missangas
e atulhou o porão do navio negreiro
com seu desespero covarde;
e porque não vê mais de ânfora ao ombro
a imagem do conga nas águas do Kuango,
ele fica na porta da senzala
de mão no queixo e cachimbo na boca,
varada de angústia,
olhando o horizonte,
calado, dormente,
pensando,
sofrendo,
chorando.
morrendo.

A África na Tradição das Ciências Sociais I

A seguir um pequeno esquema do texto do antropólogo Luís Rodolfo Vilhena, A África na Tradição das Ciências Sociais no Brasil, presente no seu livro Ensaios de Antropologia (Rio de Janeiro: EDUERJ, 1997).


A ÁFRICA NA TRADIÇÃO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS NO BRASIL
Luís Rodolfo Vilhena

-Este ensaio nasceu inesperadamente enquanto o autor pesquisava sobre o folclore nacional.
-Ele identificou no pensamento social brasileiro diferentes modos como foi tratada a problemática da cultura africana.
-O que nossos pensadores fazem, basicamente, é pensar a África somente na medida em que ela contribuiu para a formação do Brasil, ou seja, a chegada de populações africanas em terras brasileiras para o trabalho escravo.
-O autor vai mostrar essa sua tese analisando as rupturas dentro do pensamento social brasileiro.

A África em Três Paradigmas
-Vilhena identifica 3 paradigmas, conceitos em voga na época em que esses homens criaram suas teorias, nas nossas ciências sociais sobre o negro. Segue-se abaixo os paradigmas e as datas em que foram inaugurados:
a) paradigma racialista (1870);
b) paradigma culturalista (1930);
c) paradigma da estrutura social (1950);

-Como nossas ciências sociais começaram? Com a Escola do Recife, movimento filosófico e jurídico que se opunha ao ecletismo e espiritualismo que reinava na esfera intelectual da época.
A Escola do Recife, tendo o darwinismo e o positivismo como base, pretendia transformar o pensamento nacional em algo mais científico, por isso eles são considerados os pais das nossas ciências sociais.

-Sylvio Romero (1851-1914): maior nome da Escola do Recife.
Acreditava que alguns fatores condicionavam a cultura brasileira, principalmente a raça.
Não adianta fugir da miscigenação, o brasileiro é o mestiço por excelência e devemos isso ao negro.
Para Romero, ao contrário dos românticos, o negro tinha contribuído mais para a nossa cultura que o índio.
Ele chega a essa conclusão pesquisando nosso folclore - maior incidência da cultura africana, seja nos ritmos ou nos folguedos religiosos.
Isso é ruim: o brasileiro, sendo mestiço, não é puro, não é coeso, não é forte. Por isso o Brasil não está desenvolvido.
Mas, ao contrário do que pensam os viajantes estrangeiros, tem saída: o enbranquecimento do Brasil.

-Gilberto Freyre (1900-1986): polêmico intérprete do Brasil.
Influenciado pela antropologia de Franz Boas, que coloca a cultura como centro das atenções e não mais a raça ou o clima, Freyre faz uma interpretação da nossa formação histórica em Casa Grande e Senzala (1930)
O que torna o Brasil subdesenvolvido não é mais a raça, mas o ambiente e o caráter da colonização. O negro é de uma cultura forte, Freyre tece longos elogios á cultura africana e lamenta que ela tenha sido degradada pela escravidão.
Porém, as relações entre negros e brancos, através da escravidão, tiveram algo de produtivo: a formação de uma intimidade e de uma pessoalidade que é própria somente do brasileiro - a presença, mentalmente, em cada um de nós de um senhor e um escravo (antagonismos equilibrados).
A aproximação entre senhor e escravo não formou um racismo forte como nos EUA, aqui temos uma democracia racial - vários mestiços chegaram a cargos importantes em nossa história.
A solução para modernizar o Brasil é apostar nessa democracia racial, incorporar mais ainda o negro e preservar essa relação entre o branco e o negro.

-Florestan Fernandes (1920-1995): símbolo do momento de transformações pelo qual o país passava.
A partir da década de 1930, as universidades são criadas no país e Florestan faz parte dessa primeira geração de acadêmicos - seu mestre era o antropólogo francês Roger Bastide.
Um dos primeiros estudiosos marxistas do Brasil, contribuirá para nossas ciências sociais inserindo o conceito de luta de classes e estrutura social nos debates de então.
Depois de pesquisar sobre os índios tupinambás, é convidado, pelo seu mestre, para estudar as relações raciais no Brasil pela UNESCO. Por meio de entrevistas e levantamentos estatísticos na cidade de São Paulo ele chega a conclusão de que a democracia racial é um mito - o racismo ainda existia e era forte.
Segundo Florestan, esse racismo é fruto da passagem incompleta de uma sociedade de castas (senhorial e escravocrata) para uma sociedade de classes (capitalista e industrial). Para acabarmos com esse preconceito é só o Brasil se modernizar completamente, apagando os vícios do passado, como essa mentalidade senhorial.

A Estrutura da Fábula
Agora vamos falar do "racismo á brasileira":
A maior parte da obra de Florestan foi feita para acabar com o mito da democracia racial.
Florestan critica Freyre - pelos seus métodos (ensaios feitos sem muita pesquisa e sem muito cuidado teórico) e pela sua mensagem conservadora (de que no Brasil não existia racismo).
O sociólogo Roberto DaMatta fala de um "racismo á brasileira":
Sua essência - existe um triângulo das raças (o branco, o negro e o índio) e seus lados se unem, formando os mestiços (mulato, caboclo, cafuzo). O mestiço é a prova de que há harmonia racial.
Sua origem: No Império, quando os Institutos Históricos Geográficos começaram a tentar escrever uma história nacional surgiram duas correntes:
-aquela que ignora os grupos não-europeus (Fransciso Adolfo Varnhagen)
-e aquela que valorizava os índios (Couto Magalhães, Capistrano de Abreu, etc.)
Ambas recusavam a participação do negro na história nacional.
Falar do negro no Brasil é falar também do mestiço.

Entre o Passado e o Futuro
Existe uma parte de nosso pensamento social dedicado a estudo somente á África, são os africanistas.
A maioria deles tem como objeto de estudo as religiões africanas e se dedicaram a entender a origem dos escravos africanos no Brasil,
-Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906) lembra que o negro não é um figura homogênea, como dizia Romero, mas que existiam várias etnias na cultura africana, como os bantos, sudaneses, nagô, iroubá, etc.
Essa brecha no pensamento de Romero, que Nina expõe, é aproveitada por Freyre.
O caráter nacional para Freyre seria o equilíbrio de antagonismos - a economia (escravista) separa o branco e o negro, mas a intimidade os unia.
Modernizar o Brasil significaria europeizar o país e isso acabaria com essa intimidade.
Caio Prado Júnior analisando a História do Brasil descobre o sentido da colonização - ser dependente do estrangeiro. Ele inaugura a interpretação marxista no Brasil e ela substituirá o conceito de país novo através da cultura pela idéia de país subdesenvolvido por causa dessa desigualdade criada com a colonização.
Outro grupo preocupado em entender a formação nacional dá sua contribuição: os folcloristas.
Para os folcloristas dos anos 50, a maior prova do caráter nacional era a cultura popular e nela podia-se ver a miscigenação = o ritmo é africano, mas a letra é portuguesa, isso cria uma música nova.
Roger Bastide concorda que o folclore é importante, mas esses folcloristas esquecem de pensar o folclore como uma construção cultural onde a dominaçaõ social também se faz presente.
Os folguedos, por exemplo, podem ser entendidos como forma de dominação dos negros e índios pela Igreja.
Bastide dá muito valor ás relações sociais, assim como seu discípulo Florestan. O fato de haver miscigenação, de haver uma "mistura", não significa que as culturas não-européias foram respeitadas. A cultura nacional atropela essas outras culturas.
São Paulo, por exemplo, é uma das cidades mais desenvolvidas do Brasil e nela o folclore está desaparecendo, infelizmente.
Florestan, segundo o autor, reatualiza a fábula das 3 raças de um modo diferente: ele considera a cultura indígena pequena e condenada á extinção por um processo irreversível de modernização, que ele considera necessário para nos livrarmos dessa mentalidade escravista e colonial e nos tornemos enfim independentes do exterior.

Conclusões: A Mediação Africana
Agora, vamos analisar o que pensam os autores que vimos sobre o negro:
Florestan, na construção de sua obra, coloca o índio como ponto zero, o negro como símbolo do Império e a modernização seguindo o modelo europeu, ou seja, branco. É uma visão linear, evolutiva.
Freyre dá mais atenção ao negro que o índio, como Florestan.
A interpretação de Freyre utiliza 2 conceitos-chaves: monocultura latifundiária e a miscigenação. O mal do país seria o latifúndio e essa economia colonial e não o mestiço. A primeira elitizou, a segunda aproximou. A segunda é um potencial para a democracia. E o negro foi importante nesse processo, pois ele é adaptável.
Para Freyre e Bastide, o que o negro trouxe para a nossa cultura é justamente o que a separa dela: a sua cultura
Se ele valoriza sua cultura, ele não é integrado nacionalmente;
Se ele se integra, tem de esquecer sua cultura.
Qual a opinião do autor? Para Vilhena, nesse triângulo racial o negro tem uma posição estratégica. Ele é o mediador: media a cultura branca e a cultura negra (Freyre), media o passado e o presente (Florestan).
-Romero e Freyre: auxiliar do branco na construção nacional.
-Bastide e Florestan: essencial na construção nacional, mas vítima dela.
A vida e o contexto desses pensadores influenciou suas teorias:
-Romero é filho da elite sergipana;
-Freyre é filho dos senhores de engenho pernambucano;
-Florestan é filho de uma doméstica em São Paulo;
No contexto, respectivamente, houve num primeiro momento teorias racistas, apoiadas pelo evolucionismo, depois a antropologia cultural e por último o marxismo.
Interessante que cada um desses pensadores representou uma ruptura: antes não se falava no negro, não se valorizava sua cultura, não se pensava na violência com que foi tratado no Brasil, etc...
Por fim, com a palavra, Florestan:
O Brasil tem muitas faces, assim como o racismo á brasileira. Por isso falar da contribuição do negro á nossa cultura é difícil: ás vezes podemos estar colaborando com o racismo ou com a idéia de modernização á todo custo.
O tema é polêmico, mas é necessário: falar do negro no Brasil é entender como esse país surgiu e que rumo ele vai tomar.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Apresentação

Esse blog faz parte do projeto de extensão do Departamento de História da Uninorte/Laureate, História, Identidade, Diversidade e Alteridade na Amazônia Brasileira. O projeto tem como objetivo analisar a contribuição do negro e do indígena na formação da Amazônia moderna. Suas etapas passam pela:
a) análise e discussão bibliográfica, em outras palavras, estudar o que já foi escrito sobre o negro e o indígena;
b) pesquisa e produção de um conhecimento mais local, ou seja, identificar na história regional estas duas culturas e como se relacionaram e publicar nossas estudos;
c) por fim, a divulgação deste conhecimento, a democratização desse material.
Sendo assim, este blog pode ser enquadrado como um dos produtos dessa terceira etapa.

O projeto é coordenado pelo Prof. Msc. Arcangelo Silva Ferreira e conta como participantes alunos do curso de Licenciatura em História dos mais diversos períodos: Anselmo do Carmo Santos, Benedito Sérgio Medeiros,Francisca Anália Silva, Francisco Fábio Nazareno Neto, Igo Rafael Costa, Maria Lucirlei Barbosa, Michelle Oliveira, Thiago Augusto Leite Xavier, Raoni Araújo Lopes e Vinicius Alves do Amaral.
Os participantes se reúnem semanalmente, ás sexta-feiras, antes das aulas, para discutirem, com a ajuda do coordenador, textos sobre história negra e a história indígena. Agora, com a criação deste blog, compartilharemos as análises e discussões feitas durante nossos encontros aqui.