"O outro não é uma ameaça, é uma possibilidade." Eduardo Galeano

sábado, 3 de setembro de 2011

Diversidade e Complexidade

Ao final do semestre, fomos convidados pelo Professor Arcângelo Ferreira para refletir sobre os textos que passaram por nossas mãos nesse período. E aqui estão nossas considerações.
Em primeiro lugar, dedicamos a compreender a cultura indígena e percebemos que ela só pode ser entendida se levarmos em conta sua dinâmica e sua complexidade. Para alcançarmos tal objetivo precisamos nos despir de preconceitos que nos são passados há anos, sejam pela família ou pela escola. Que preconceitos são esses? "Índio é tudo igual", "índio é preguiçoso", "índio de verdade vive no mato" e "índio é coisa do passado".
Assim sendo, as leituras que fizemos de Victor Leonardi e João Pacheco de Oliveira foram essenciais para relativizarmos essas visões que estão tão enraizadas em nossa sociedade.
Em segundo lugar, partimos para a análise das sociedades indígenas. No meio de tantas, nos focamos em algumas como os Cambebas, Pano, Ashaninca, etc. Os artigos nos oferecem uma visão interessante sobre cada uma delas e permitem chegarmos á conclusão de que não existe uma sociedade indígena, mas várias. Sob o termo genérico de "índio" se escondem sociedades tão diferentes entre si como os diplomáticos e fechados Ashaninca e os guerreiros e plásticos Panos. Essa complexidade precisa ser recuperada.
Os artigos produziram também um interessante debate sobre cultura. O que é cultura? Pode se perder uma cultura? Foram inquietações que nasceram justamente do artigo de Benedito Maciel Espírito Santo sobre a memória e seu uso para reafirmar a identidade Cambeba. Sua palestra por ocasião da Semana Indígena da Uninorte sobre cultura também foram esclarecedoras.
Descobrimos, por meio desse debate, de que não se pode perder uma cultura, ela apenas se resignifica e é o que tem acontecido com os povos indígenas. O indígena reconstrói sua identidade. Não podemos enxergá-lo apenas como vítima ou como um sujeito passivo diante de um processo inevitável.
Questionados sobre a contribuição dos textos, a maioria dos membros do grupo de estudo concordam que eles ajudaram a enxergar o indígena além dos preconceitos e dos reducionismos. Muitas problematizações foram oferecidas durante as discussões: O indígena está perdendo sua cultura? O indígena não reagiu? Será o indígena realmente preguiçoso ou selvagem? E quanto ao homem branco que tentou escravizá-lo e até hoje não conseguiu viver melhor sem ter que destruir o meio ambiente?
A questão indígena está diretamente relacionada com uma série de questões como a sustentabilidade, a reforma agrária, a corrupção política, etc. Ao nos debruçar sobre ela não estamos apenas analisando a problemática cultural e histórica da construção de nosso país e de nossa região, mas também estamos questionando outras esferas da nossa sociedade. Nada está totalmente separado: passado e presente, povos indígenas e questão fundiária, identidade e globalização, etc. Justamente por compreender dentro de si tantas ligações a realidade é tão complexa. O entendimento sobre essa complexidade será um dos caminhos para saná-la de seus problemas. Por isso esperamos que após esse breve comentário o leitor pense duas vezes antes de classificar indígenas de preguiçosos ou selvagens.

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